LUTA

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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

AÇÃO REGIONAL - A CONTRIBUIÇÃO DA MILITÂNCIA CUTISTA NO DEBATE RACIAL DA CUT

Texto da CNCDR para o 8º CONCUT.

A Comissão Nacional contra a discriminação racial da CUT, há mais de

10 anos vem combatendo o racismo e todas as formas de discriminação, lutando pela

igualdade de oportunidade na vida e no trabalho.

A CNCDR comemora seus 10 anos de muita luta, debates e reflexões, em um

cenário muito favorável no contexto histórico com a vitória eleitoral do projeto

político e democrático vinculado a setores progressista .

Neste período de ampliação política e de maturidade da central, o movimento

social efervesceu , o que determinou a absorção da luta anti racista para dentro da

central. Os trabalhadores compreenderam a importância desta luta, construindo a

CNCDR.

Em um país que não é de todas as ‘cores’, e que promove as piores formas

de discriminação e racismo, caldo cultural das variadas formas de opressão de

gênero raça (etnias) e classe. O momento atual e´ de construção de uma nova

história para o país, com uma nova concepção, traduzindo as necessidades do

povo brasileiro com o objetivo de projeto de desenvolvimento de nação, que

inclua os povos que nesses 503 anos esteve à margem do processo de social.

A vitória de Lula possibilita fazer este debate sob a orientação da

comunidade negra.

A Secretaria de Promoção da Igualdade Racial tem esta

oportunidade histórica, é preciso mobilizar o movimento para conquistarmos mesmo

assim com muita dificuldade parte de nossas reivindicações.

Mas não é apenas este o nosso problema, temos o desafio de aprovar no

congresso nacional, as reformas que de fato podem transformar o resultado eleitoral

em conquista real, traduzindo com isso as condições concretas de um novo rumo para

o Brasil. É neste momento que cresce as condições de organização e fortalecimento da

CNCDR, assim como as CECDR’S federações e confederações e os GT’S nas

categorias, ampliando para além da central.

A CNCDR no seu IV ENSAR refletiu sobre a sua atuação no período entendendo

ter contribuído no debate e na formação de seus militantes e do movimento social

como um todo. Foram várias as ações, denúncia contra o governo que não cumpre a

convenção 111 da OIT, campanhas, cartilhas e seminários, a exemplo do preparatório

para a Conferência Mundial Contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e

formas de Intolerância Correlata realizada em Durban (África do Sul),em setembro

de 2001 sempre no sentido de qualificar o debate nas suas variadas

apresentações . Ainda assim, após 10 anos convivemos com as mesmas dificuldades de

sempre, a falta de sensibilidade de alguns quadros de direção, a desqualificação

do debate, e pôr conseqüência , a desvalorização da militância.

A questão racial não sendo uma política de centralidade para a CUT, e nem para

as tendências que nela atuam, torna secundário o tema prejudicando a ação

concreta das comissões nos estados.

Superar este desafio, e colocar o debate sobre as desigualdades como forma de

conquistar a dignidade, auto - estima e a tão propagada cidadania, é um dos caminhos

para uma sociedade justa e igualitária para todos.

E quando se propõe este tema, não é apenas como reivindicação, mas como iniciativas

ser tomadas a partir das pesquisas sobre o tema neste mesmo período, comprovando

as desigualdades de gênero e raça e gerações em várias áreas sociais e

econômicas a seguir : saúde, educação, cultura, questão da terra e mercado de

trabalho.

O mercado de trabalho ilustra bem esta realidade, vários estudos com esta ótica

foram desenvolvidos pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estudos e

Estatística sociais e econômicas), e pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica

Aplicada), órgão do governo federal; a discriminação e o racismo no trabalho e

na ocupação, não é mais uma bandeira dos negros e negras da CUT, é uma

necessidade de justiça social, é um bom início para uma política de distribuição

de renda.

A valorização do trabalho e do trabalhador, a defesa da recuperação do salário

mínimo, assim como a redução de jornada sem redução dos salários são

bandeiras que estaremos defendendo, junto a outras tão importante o quanto, a

exemplo de salário igual para trabalho de igual valor (convenção 100 da OIT),

contra a todas as formas de discriminação direta e indireta no mercado de

trabalho(convenção 111 da OIT).

Todas essas bandeiras tem como objetivo, a superação das desigualdades socioeconômicas

vividas pelo nosso povo que vem sobrevivendo na sua maioria à baixo

da linha da pobreza pôr conseqüência da cultura de discriminação como forma

e manutenção de poder (colonialismo) e seqüelas da política econômica atual.

Diante destes complexos desafios para implementação de políticas propositivas /ou

afirmativas em nosso país, e para reparar as atrocidades cometidas nesses 300 anos de

trabalhos gratuito pelo povo afro descendente e indígenas, sentimos a necessidade de

unificar os discursos e fazer alguns recuos táticos nas questões ideológicas históricas,

para que assim seja possível construir um conjunto de propostas e ações imediatas, em

que a sociedade tenha acesso as políticas desenvolvidas no sentido de reparar a

dívida histórica do estado para com o povo brasileiro.

Sendo assim o 8º Concut resolve:

- Reparações já.

- O 8º CONCUT encaminha a deliberação da 10º plenária de a CNCDR passar a

funcionar como comissão com status de secretaria à exemplo da CNMT,

com estrutura e condições de trabalho. Sendo esta a deliberação para as

CECDR`S nas CUT´S.

- O 8º CONCUT delibera para suas estruturas verticais e horizontais a proposta

da CNCDR de organizar o debate por regiões.

- O 8º CONCUT orienta seus ramos a fortalecer os GT´S através de

negociações , nos acordos coletivos introduzir cláusulas antidiscriminatória.

- O 8º CONCUT reafirma a resolução do IV ENSAR em defesa das cotas para

a população negra nas universidades públicas.

- O 8º CONCUT encaminha a campanha pela implementação imediata das

convenções 100 e 111 da OIT.

- O 8º CONCUT delibera junto a CNCDR e a CNTMA campanhas pela

ampliação da sociedade civil em defesa nacional do uso dos recursos

hídricos, e defesa do artigo 225 da constituição federal de 88 e também a lei

de n.º 9433 de 08/01/1997.

- O 8º CONCUT encaminha que no debate sobre estado e políticas publicas no

que se refere a questão da terra propomos:

- Retomada do uso de desapropriação para fins da regulamentação das terras

de quilombo.

- Criação de um Programa de Regularização Fundiária e Desenvolvimento

Sustentado para as Comunidades Quilombolas dentro do Ministério Agrário.

Campanhas Gerais:

- Participar na mobilização e organização da campanha pelo 1º Emprego, com

o corte racial.

- Contribuir no debate e formação de opinião sobre a Campanha da redução

de jornada de trabalho sem redução de salário.

- Participação efetiva das campanhas pela Paz, contra a guerra política e

econômica e contra a guerra social.

- Participar efetivamente pela campanha oficial sobre a Alca.
- Nosso objetivo é a superação de todas as formas de discriminação e racismo

e sexismo sempre buscando um novo ser humano para a construção de uma

nova sociedade, livre solidária e socialista. 

AÇÃO REGIONAL - SÍNTESE DE INDICADORES SOCIAIS - IBGE


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

AÇÃO REGIONAL - PALESTRA NO SINDICATO DAS COSTUREIRAS DE SÃO PAULO E OSASCO


 No último 10 de novembro, o Sítio Escola Itamar Barbosa de Olivei­ra recebeu o palestrante Marcos Benedito da Silva, do Inspir (Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial), que falou sobre o sistema de cotas em universidades públicas para afrodescendentes. A instituição dessa lei visa facilitar o acesso ao estudo pela população afrodescendente, explicou Marcos.

A palestra teve início abordando o processo da escravidão e, posteriormente, a abolição da escravatura, passando pela Conferência de Durban até a sanção do Estatuto da Igualdade Racial pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A valorização desta Conferência no Brasil, coloca o país entre os poucos do mundo que atua fortemente no combate ao preconceito racial, com a política de ações afirmativas, explicou.

Essas ações constituem na valorização dos quilombolas, por exemplo, e o ensino da cultura afro nas escolas. Essa lei, na verdade, procura recuperar o atraso que os afrodescendentes têm devido aos anos de escravidão”, finalizou.

O evento ainda contou com a presença do vereador eleito e também diretor do nosso Sindicato, Moacyr Tenório além do companheiro Claudio Prado, parceiro de luta e muito querido por toda a categoria. “Agradecemos a presença desses companheiros, que estão sempre ao lado do Sindicato”, disse a presidente Eunice Cabral.



sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Ação Regional - 'A construção de um mundo justo' - Fernanda Balsalobre - Folha da Região - Sexta-Feira - 16/11/2012

 
Araçatuba, como todo o Brasil, tem enfrentado um desafio homérico: promover a equidade entre as pessoas por meio de ações duradouras, reparando o passado e construindo um mundo melhor. As minorias, como os negros, ainda carecem de políticas próprias para ter sua cidadania plena. Isso porque ainda impera a tese do escritor francês Honoré de Balzac (1799-1850), de que “a igualdade pode ser um direito, mas não há poder sobre a Terra capaz de torná-la um fato”.

Porém, felizmente, a marcha do tempo e a força do povo esclarecido têm edificado essa faculdade de modificar a realidade. O tema já não é mais tabu, os direitos das minorias já são reconhecidos e estamos tendo a coragem de encarar, inclusive, a verdade incômoda do "racismo velado", que é ainda pior que o racismo explícito.

O dia 20 de novembro, em que celebraremos o Dia Municipal da Consciência Negra, ainda que seja uma data comemorativa, deveria trazer realmente as pessoas à reflexão, por se tratar de um tema que ainda carece de muitas conquistas.

Não podemos ignorar o fato de a população negra representar 50% dos brasileiros e 43% dos araçatubenses, mas ainda alijada do acesso a uma vida mais digna por meio do estudo e do trabalho. Ainda pagamos caro, como Nação, pelo fato de o Brasil ter sido o último país a promover a abolição dos escravos. E ainda assim, quando o fez, foi da pior forma possível: sem qualquer política de reinserção social.

As ações afirmativas buscam implementar medidas para incluir os menos favorecidos no contexto social. Por isso, o Estado constitui um ator fundamental na promoção de políticas antidiscriminatórias, sejam elas em função de raça, gênero ou condição econômica.

A Constituição de 1988 reconhece, em seu art. 5º, caput, primeira parte, o direito fundamental de que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Aliados a esse preceito, estão os princípios fundamentais de “construir uma sociedade livre, justa e solidária” (art. 3º, inc. I), “a dignidade da pessoa humana” (art. 1º, inc. III), "promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (art. 3º, inc. IV), dentre outros.

Podemos perceber que na nossa Carta Magna há subsídios suficientes para apoiar as políticas de ações afirmativas, na busca de reduzir as desigualdades e diferenças oriundas de preconceitos e atos discriminatórios praticados desde os primórdios de nossa colonização. Nesse contexto, encontram-se negros, mulheres, indígenas, homossexuais, portadores de deficiência, pobres, entre outros.

Tratar desigualmente os desiguais é o meio de minimizar as diferenças e buscar a igualdade almejada pelo Estado Democrático de Direito, como direito humano fundamental, princípio básico de nosso regramento constitucional. Através de políticas de ações afirmativas poderá se construir um Brasil diferente para o futuro, onde as oportunidades chegarão para todos sem distinção.



AÇÃO REGIONAL - 20 DE NOVEMBRO - DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA - FUNDAÇÃO PALMARES


AÇÃO REGIONAL - CRIAÇÃO DOS CONSELHOS DA IGUALDADE RACIAL

Recentemente foi sancionado o Estatuto da Igualdade Racial. Este referencial legal responde aos anseios dos afrobrasileiros, dos povos indígenas, ciganos, judeus e palestinos na perspectiva da superação das situações adversas que vivem em solo brasileiro. O Estatuto contempla a criação dos Conselhos da Igualdade Racial nos Estados e Municípios destinados ao amplo debate sobre as ações voltadas a construção da igualdade racial.

Os Conselhos de uma forma geral compreendem a sociedade civil organizada e a experiência da democracia participativa, com oportunidade de opinar sobre as formas de condução dos poderes que gerem o Estado de Direito. É formado por um grupo de pessoas representativas da sociedade civil e de membros dos governos, em paridade de número de participantes.

Constituem num instrumento de colaboração no planejamento, avaliação e monitoramento dos atos do poder público. É uma força dinamizadora e orien­tadora da ação governamental na aplicação dos planos e ações em prol da população. No caso das populações atingidas por políticas de promoção da igualdade racial, é o caminho possível da geração e acompanhamento  das políticas publicas em prol das mesmas.

2-FUNÇÃO DO CONSELHO NA SOCIEDADE

Faz acontecer o exercício do poder de forma participativa, organizada e democrática. O Conselho tem a função de acompanhar de forma efetiva tudo o que acontece quanto às ações do Estado nas áreas concernentes. Lembra-se que os Conselhos assumem os aspectos consultivos e deliberativos.
É o fórum de avaliação permanente das políticas e ações do governo em vista de concretizar os objetivos definidos. Administra os conflitos, escuta as aspirações e reorgani­za sempre que necessário em vista de uma maior unidade e participação.

3-COMO SE CONSTITUI O CONSELHO

Como já dissemos, ele é representativo, fazem parte dele representantes da sociedade civil organizada e dos governos instituídos legitimamente. Contudo neste processo existem jogos de forças políticas que são legítimos, mas que necessitam de critérios no sentido da justiça e da real representação das partes interessadas. Dependendo do lugar os processos se
diferenciam, mas existem pontos de semelhança.

3.1- Necessidade

O debate sobre a viabilidade do
conselho é necessário. Isto porque em algumas localidades a sua importância pode ser relativizada e até desprezada. No caso dos Conselhos de promoção da Igualdade Racial faz-se necessário criar um processo de reflexão e debate com todos os grupos interessados na promoção da igualdade racial.
Nem sempre a radicalização de posições é o melhor caminho no processo interno do movimento negro e dos possíveis aliados
na sociedade. Entretanto as necessidades das populações envolvidas na promoção da igualdade racial é o critério primeiro, pois quem sente na pele e na existência as ificuldades de inserção social cidadã, entenderá o sentido dos mecanismos de participação política.

O conselho poderá contribuir para que o debate saia dos limites dos grupos interessados e se capilarize em toda a sociedade. Toda a sociedade tende a ganhar com a superação das desigualdades. Neste debate é importante o diálogo com os
governantes, pois destes depende a convocação e instituição dos conselhos. Lembra-se que o debate com toda a sociedade e com o governo sugere o amadurecimento das propostas sugeridas, via conselho, de forma que implementação das mesmas seja um  processo consensuado.
Não podemos esquecer a necessidade de pressão, em alguns casos, para que o processo tenha a sua regularidade comprovada e se transforme em prática real.
3.2- Representatividade e Regulamentação A partir da definição da Instituição
do Conselho de Promoção da Igualdade Racial, faz-se necessário o segundo passo que diz respeito ao aspecto regulatório legal.
O Conselho precisa de um marco regulatório que garanta o seu funcionamento e autoridade para atuar como instância de representação dos grupos envolvidos. O decreto de instalação do Conselho seguido do documento com os critérios orientativos para a indicação ou eleição dos conselheiros, bem como a publicação da nomeação dos mesmos, são instrumentos indispensáveis na construção do marco legal.
No caso da representatividade é importante a paridade entre as entidades de representação das populações envolvidas, na sociedade civil, respeitando a sua diversidade, e os órgão do governo, para que o conselho tenha independência. O conselho garante também um regimento interno para que os membros tenham seguridade e garantia do trabalho a ser feito com um mínimo de organização.

3.3- Participação e duração do mandado dos eleitos

As pessoas escolhidas para o conselho representam um segmento da sociedade civil, ou seja, não representam a si mesmas. Enquanto representantes devem preencher os critérios de compreensão dos temas em reflexão e da pertinência dos mesmos para a sociedade. São atores sociais conscientes do seu papel como representantes da sociedade civil.

É uma presença de contribuição para o enriquecimento dos debates e das ações futuras, fruto do que é acordado no conselho. Cabe também a sensibilidade de ouvir as demandas dos diferentes grupos representados mas também a estar atendo a universalidade e pertinência social das mesmas.

Os critérios objetivos de escolha devem ser transparentes, assim como deve ficar evidente o tempo de duração do mandado de cada conselheiro para que se respeitem as regras mínimas da democracia participativa.

3.4- Objetivos

Os objetivos do conselho precisam estar descritos no decreto de publicação, pois darão rumo aos trabalhos estabelecidos.
O mesmo cuidado vale para as normas de funcionamento do mesmo.
Estes cuidados garantirão a sua efetividade e pertinência. Pois os Conselhos cuidam para que as políticas públicas sejam construídas privilegiando as população que buscam a igualdade racial e zelando para que Conselhos não sejam ações do momento, mas efetividades nas ações do Estado.

Contribuição de Marcos Benedito enquanto participante do Grupo de Trabalho responsabilizado  pela elaboração de políticas voltadas para os afrodescendentes brasileiros.
Marcos Benedito foi membro do Conselho Nacional da Promoção da Igualdade Racial da Secretaria Especial da Promoção da Igualdade Racial (CNPIR/SEPPIR) na gestão 2008/2010

AÇÃO REGIONAL - SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA 2012


Ação Regional - Marcos Benedito, na coordenação da CNCDR/CUT (Comissão Nacional Contra a Discriminação Racial da CUT). Na foto em destaque com Peu da CUT Bahia


AÇÃO REGIONAL - Marcos Benedito no Plenário da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra na Suiça, em 2009 na Conferência do Tratado de Durban


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

AÇÃO REGIONAL - Programação da Semana da Consciência Negra é definida - 25/10/2012 - Matéria da Folha da Região com base em release enviado pela Prefeitura de Araçatuba

 


 
A Secretaria Municipal de Participação Cidadã e o Fórum da Construção da Consciência Negra de Araçatuba definiram uma série de ações para marcar a Semana da Consciência Negra, que é comemorada de 19 a 24 de novembro.

No dia 19 de novembro, a Semana será aberta às 9h, no Teatro Castro Alves, com a presença de diversas autoridades. Em seguida, às 10h, será apresentada a peça teatral “Zumbi dos Palmares”. Ainda no teatro, às 19h, apresentação de capoeira. Às 19h30, exibição da Dança Maculelê. Às 20h, será a vez da “Dança dos Orixás”, e às 21h, o comediante Alex Guru apresentará stand up.

OUTRAS AÇÕES
No dia 20, que é o Dia da Consciência Negra, a programação será aberta com missa afro, às 9h, na sede da Associação da Cultura Afro-Brasileira de Araçatuba. Às 10h, haverá apresentação de capoeira. No Teatro Castro Alves, às 15h, será realizada palestra sobre patologias. Em seguida, no mesmo espaço, às 16h30, o “Seminário sobre Direitos e Liberdade Religiosa”.

No dia 21, às 19h, o evento contará com concurso de beleza Pérola Negra, no teatro Paulo Alcides Jorge. No dia 22, às 19h, a Câmara Municipal recebe o “Seminário de Matriz Africana”. Para o dia 24 estão programados o “Culturafro”, às 16h, na Praça João Pessoa, e o Jantar do Orgulho Negro, às 20h, na sede do Rotary Club. (Com informações da Prefeitura)

AÇÃO REGIONAL - MARCOS BENEDITO, PARTICIPA DA SOLENIDADE EM QUE O PRESIDENTE LULA, ASSINOU A LEI Nº 12.288, DE 20 DE JULHO DE 2010, QUE INSTITUIU O ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL


sexta-feira, 9 de novembro de 2012

AÇÃO REGIONAL - REELEITO!


AÇÃO REGIONAL - PROPOSTA


A CUT (Central Única dos Trabalhadores) ocupa hoje, no Brasil e no mundo, um lugar destaque na elaboração de políticas de combate ao racismo, graças ao envolvimento e o empenho de centenas de militantes espalhados por todo o Brasil. 

Dentre as políticas desenvolvidas no interior da mContra a Discriminação Racial), que possibilitou a criação, no último congresso, da SNCR (Secretaria Nacional de Combate ao Racismo), a participação da militância cutista na elaboração das políticas que culminaram com a criação da SEPPIR (Secretaria Especial pela Promoção da Igualdade Racial) etc.

Estes são alguns exemplos inequívocos da atuação vanguardista na luta dos dirigentes da CUT pela Igualdade Racial.

No entanto, mesmo diante de todos os avanços e conquistas alcançados principalmente após a participação dos militantes anti-racismo da CUT no III Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, realizada em Durban no ano de 2001, e da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência da República em 2003, não podemos afirmar que o grau de entendimento da importância do combate ao racismo, seja totalmente linear no interior da CUT.

Pois sabemos, que uma central de trabalhadores, assim como todas as organizações brasileiras, tende a refletir e até mesmo em determinadas circunstâncias, reproduzir, os males existentes na sociedade, e isto naturalmente, também ocorre em relação ao racismo e a outros tipos de preconceitos enraigados na população brasileira.

Assim sendo, podemos chegar bem próximos da realidade existente em cada Sindicato, cada Federação, Confederação e também na Central, que é a constatação de que, da mesma maneira que existe a necessidade de um investimento cada vez maior na educação, existe também esta mesma necessidade específica em relação à capacitação e a formação dos dirigentes sindicais.

Diante disto, proponho que o tema Igualdade Racial, seja incorporada à grade das escolas de formação da CUT, convencido de que ao propiciarmos uma formação voltada para a Igualdade Racial, estaremos efetivamente sensibilizando, convencendo e envolvendo milhares de sindicalistas, que hoje não consideram o combate ao racismo como algo tão relevante, na conquista de uma sociedade mais justa e igualitária.

Sem discriminação, preconceito ou racismo.

 

Marcos Benedito

 

AÇÃO REGIONAL - "Nosso desafio é elaborar políticas que potencializem a luta", afirma Marcos Benedito - 11/05/2009


"Nosso desafio é elaborar políticas que potencializem a luta", afirma Marcos Benedito

A partir do mês de agosto a Central Única dos Trabalhadores contará com mais uma secretaria em sua estrutura, desta vez, contra a discriminação racial. O Portal Mundo Trabalho entrevistou o atual coordenador da ainda Comissão Nacional Contra a Discriminação Racial, Marcos Benedito, que falou sobre sua experiência frente à comissão e suas perspectivas para futura secretaria.

Portal - Como você avalia o andamento do tema no interior da CUT?

Marcos - Fico muito feliz que a secretaria contra a discriminação racial ter sido criada durante nossa gestão, isso significa, que estamos no rumo certo e que conseguimos sensibilizar na atual direção cutista para a importância do tema.

Além disso, tivemos oportunidades importantes que qualificaram significativamente o nosso debate. A nossa última experiência em parceria com a CSI e OIT, foi a participação na Conferência de Revisão do Tratado de Durban realizada em Genebra na Suíça no mês de abril deste ano, que debateu com diversos países os avanços e retrocessos obtidos desde seu lançamento em 2001, em Durban, África do Sul. A intenção foi aperfeiçoar e revisar o Plano de Ação contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância.

Tanto a sociedade civil quanto os sindicalistas presentes tiraram um documento apontando que o mercado de trabalho também é vítima do processo de discriminação. As convenções da OIT 111 e a campanha do trabalho decente são ferramentas importantes nessa luta. O saldo positivo foi o fato da CSI e a OIT terem conseguido juntar todos os representantes na discussão e de assinar um documento comum, além de estabelecer uma rede com troca de informações para ações em 2011, quando provavelmente acontece a próxima revisão.

Portal - Já existe uma linha política para a nova Secretaria?

Marcos - Na semana passada, realizados um encontro nacional em São Paulo que discutiu exatamente esta questão, na qual avançamos muito porque até então nós não tínhamos dado início ao debate de como ficaria a secretaria. Tiramos orientações gerais que eu tenho certeza que serão encaminhadas para os estados no sentido de ampliar, massificar e potencializar o tema.

A deliberação é de que todos os estados criem suas secretarias estaduais para dar sustentação política à secretaria nacional. É importante que nos estados os militantes anti - racismo façam todo movimento para que sejam eleitos delegados (as) nos CECUTs e participem do CONCUT para que possamos levar o debate político do tema nos fóruns adequados.

Portal - Que questões você considera fundamental?

Marcos - Acredito que a questão dos quilombolas, meio ambiente, trabalho escravo, juventude negra, mulheres negras são fundamentais nesse momento. Nosso desafio é elaborar políticas para estes segmentos, além de darmos continuidade às políticas sindicais já encaminhadas pela CNCDR/CUT. Além disso, pretendemos desenvolver uma política transversal que colabore com toda a pauta cutista.

Portal - Em sua opinião qual o maior preconceito a ser enfrentado?

Marcos - Sem dúvida, o maior preconceito está no mercado de trabalho, assim como, na religião de matriz africana já que vivemos em um país católico cristão onde, por exemplo, há um grande crescimento das igrejas evangélicas pentecostais. A pseudo Abolição da Escravatura, de 13 de maio de 1888, jogou os negros na rua sem escola, sem moradia, sem estudo, ou seja, sem estrutura nenhuma e até hoje estes sofrem as conseqüências que também se refletem no mercado do trabalho. Segundo pesquisas, a maioria da população atual do país é composta por afro-descentes, se percorrermos a noite paulistana veremos que esta população não está representada em vários segmentos da sociedade, mas se formos a algum evento na periferia serão a grande maioria, o que confirma a exclusão social.

Portal - Qual a solução para esse problema social?

Marcos - Acredito que a saída é continuar trabalhado para superar esta desigualdade e apostar na construção de política de estado e não de governo. Quero deixar registrado que o governo Lula tem contribuído muito. Ele incorporou muitas políticas e criou a Secretaria Especial de Políticas de Promoção de Igualdade Racial e instituiu a lei 10639/3, que obriga o ensino da cultura afro-brasileira nas escolas e está desenvolvendo todos os esforços através da SEPPIR pra a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial. Precisamos de mudanças contundentes que contribua para que as pessoas desenvolvam novos conceitos culturais colaborando desta maneira, para a eliminação do preconceito na sociedade brasileira.

Portal - Qual foi o maior preconceito que você já sofreu?

Marcos - Sim e foi uma coisa que mudou a minha vida. Eu era adolescente e trabalhava no banco Itaú. Eu estava com 19 anos e cheguei atrasado ao trabalho devido ao trânsito. Meu chefe estava acomodado em uma mesa conversando com um amigo. Eu me debrucei na mesa e ele observou que a minha camisa estava com dois botões abertos e pediu para fechá-los. Eu prontamente abotoei e em seguida pedi desculpa pelo atraso. Ele respondeu: tudo bem, mas fecha a camisa. Neste momento, ele virou para o seu amigo e falou...

"Não é à toa que dizem por ai que preto é o bicho mais parecido com gente".

Conto isso não para inserir uma nova anedota no repertório daqueles que gostam de expressar o seu preconceito em forma de piadas de mau gosto, e que muitas vezes são carregadas de preconceito, mais para alertar que uma brincadeira "inocente" pode provocar um grande trauma numa criança ou adolescente. No meu caso, isso já faz 30 anos e eu jamais esqueci.

Hoje sou mais um brasileiro convencido que esta "doença" denominada racismo deve ser extirpada do seio da humanidade.

Fonte: Ana Paula Carrion, CUT

AÇÃO REGIONAL - Entrevista concedida por Marcos Benedito ao Observatório Social - terça-feira, 28 de outubro de 2008

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Entrevista concedida por Marcos Benedito ao Observatório Social


1. Atualmente, como podemos traçar um quadro sobre a situação da discriminação racial no mundo do trabalho no Brasil?
Conforme dados do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) taxa de desemprego afeta com maior intensidade negras e negros.
Em Porto Alegre a taxa de desemprego de acordo é de 12, 7% entre os não – negros e de 18,5% entre os negros, representando um percentual de 46% superior aos não – negros.
Ainda de acordo com o DIEESE, o rendimento por hora dos negros é de R$ 4,07 na região Metropolitana de Salvador, equivalendo a 50,3% do rendimento/hora dos não – negros. Na Região Metropolitana de São Paulo a diferença é de 53,3%. O rendimento por hora de negros é de R$ 4,26 e de não – negros R$ 7,99. Mulheres negras recebem entre 62,7% (Porto Alegre) e 49,9% (Salvador) do valor da hora trabalhada dos homens não-negros de igual nível de instrução.
Para Marcos Benedito, coordenador da CNCDR/CUT (Comissão Nacional Contra a Discriminação Racial da CUT), ex dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, negras e negros são discriminados a partir do processo de contratação. Um exemplo clássico de discriminação racial no Brasil, acontece no mercado financeiro, onde negras e negros são discriminados no processo de ocupação dos postos de trabalho.
O banco Santander que adquiriu o Banespa em 2000 reproduz muito bem esta dura realidade. Antes da venda para o banco espanhol, o Banespa quando banco oficial a contratação dos trabalhadores ocorriam através de concurso público resultando numa diversidade racial e étnica que era constatada em cada local de trabalho, pois a contratação valorizava a capacidade e o esforço pessoal de cada candidato. Após a venda a contratação passou a ser pelo critério de indicação com uma intensa elevação dos critérios de formação acadêmica, resultando em um forte processo de exclusão daqueles que não se encaixam no perfil imposto pelo banco espanhol.
A globalização dos meios de produção, a competitividade das empresas, o preconceito e o racismo enraizado na sociedade acabam transformando – se em ferramentas utilizadas pelo capital para obtenção dos seus lucros.


2. É possível fazer um comparativo com demais países (um onde a questão da dicriminação racial esteja próxima do ideal, e outro país onde o racismo ainda crie bastantes obstáculos)? Em que nível de "evolução" em relação a esse tema o Brasil pode se classificar?
No Continente Africano, o que vemos é o fruto de séculos de exploração, inclusive com o seqüestro de bens e de pessoas, onde o resultado disto é a fome e a degradação ambiental e humana. A dependência financeira, as guerras religiosas, a necessidade de auto – afirmação contribui para um quadro desolador. Para agravar a situação o mundo despreza esta região deixando de realizar investimentos visando o desenvolvimento da região.
Tratando – se especificamente da questão racial, devemos reconhecer que a África do Sul, com o Congresso Negro Africano liderado por Mandela conquistaram um grande avanço com o fim do Apartheid, porém muito ainda resta a ser feito para a superação da miséria provocada pelos longos anos da exploração colonizadora liderada pela elite dominante branca que ainda exerce um importante domínio financeiro e político naquele país.
Em relação aos EUA, podemos avaliar que o fato de haver um candidato negro concorrendo a Presidência da República pode significar que esteja ocorrendo uma “radicalização democrática”. Porém isto não corresponde a verdade. Por exemplo a candidata Cynthia McKinney está disputando a legenda do Green Party, o Partido Verde estadunidense, mas a sua campanha é simplesmente desconsiderada pela imprensa americana e mundial. Outro dado importante é resultante do ataque de 11 de setembro de 2001, onde as políticas antiterroristas causaram o endurecimento de todas as medidas de segurança, expondo negros, hispânicos, árabes, muçulmanos e outras minorias a todo tipo de discriminação e preconceito.
Na política macro nos deparamos com a postura dos EUA, se recusando a participar de debates como o Tratado de Durban que resultou na Declaração e Programa de Ação adotados na III Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata.

3. Dentro da CUT, quando a questão começou a ser trabalhada? Em que circunstâncias e por quais motivos?
A CUT desde a sua origem sempre teve como um dos seus princípios a construção de uma sociedade democrática, igualitária e socialista. Desde então, vem desenvolvendo um conjunto de ações, lutas e mobilizações que visam alterar a base do padrão de desenvolvimento econômico capitalista predominante forjado nos anos 30, cujas raízes advém das relações sociais servis, de trabalho degradante e escravagista que caracterizaram os 4 primeiros séculos do nosso país.
Para a CUT, o fortalecimento da unidade da classe trabalhadora, compreendida como grupo social que se forja a partir da sua condiçãoeconômica, de trabalho, passa necessariamente pela construção da sua identidade como classe, que não significa a negação das suas diferenças físicas e biológicas (que é da natureza humana), mas pelo enfrentamento das desigualdades resultantes da construção social influenciada por um determinando tipo de modo de produção (capitalista) que se reflete na organização do conjunto da sociedade.
Compreendendo que a acentuada desigualdade entre brancos e negros é fruto de uma construção social que buscava eliminar a presença significativa dos negros no processo de formação da sociedade brasileira, constituindo-se, portanto em uma problemática estrutural do nosso país, e que a mesma demandava uma ação específica do movimento sindical, a CUT não apenas incorpora em suas resoluções as reivindicações dos militantes sindicais que atuavam no combate à discriminação racial, como também cria espaços para a organização desses militantes no seu interior com o intuito de fortalecer esta luta, como uma luta do conjunto da classe trabalhadora.
Na década de 90, é que o processo de mobilizações sobre a temática racial e organização dos trabalhadores(as) no interior da Central se intensifica. Essas iniciativas receberam impulso significativo com a criação, em novembro de 1992, da Comissão Nacional de Luta contra a Discriminação Racial. Ainda em novembro desse ano, a CUT formalizou uma denúncia à OIT sobre o descumprimento da Convenção 111, com base em dados estatísticos organizados pelo Ceert – Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades, da qual resultou a vinda de peritos da OIT ao Brasil e a proposta de criação de um organismo de governo que permitisse a formulação de políticas públicas de combate a discriminação racial.
Nove meses depois, foi realizado o seminário nacional “O Papel da CUT no Combate ao Racismo”, organizado com o apoio da Secretaria Nacional de Formação, que contou com a presença de 102 dirigentes de 40 entidades sindicais de oito estados da Federação.
Em 1995, por ocasião dos 300 anos da Imortalidade de Zumbi de Palmares, aproximadamente 30.000 trabalhadores, militantes anti-racismo, participaram da Marcha Zumbi de Palmares – Contra o Racismo, Pela Cidadania e a Vida, realizada em Brasília. A organização e mobilização da marcha teve a participação das CUTs estaduais e distrital. Também foiorganizado pela CUT Nacional e CUT Estadual SP, a Jornada Zumbi pela Vida, a qual durou 10 dias de caminhada de São Paulo à Aparecida, com paradas em todas as cidades para promover debates com as comunidades locais sobre temas relacionados as questões raciais.

Nos anos 1994 e 1995 foram realizadas 2 (duas) conferências sindicais interamericanas pela igualdade racial, na Bahia e nos EUA, respectivamente, das quais originou-se a proposta de criação do Inspir - Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial, que tem desempenhado um papel importante na interação das Centrais Sindicais sobre o Tema. Destaca-se como uma das suas principais ações a realização do Mapa da População Negra no Mercado de Trabalho (Outubro/1999). Tal estudo propiciou potencializar o debate sobre a discriminação racial no mercado de trabalho, subsidiando a intervenção do movimento sindical e movimento negro nas conferências preparatórias para a I Conferencia Mundial Contra o Racismo, a Xenofobia e Todas as Formas Correlatas de Discriminação, realizada em Durban no ano de 2.001. Também foram realizadas atividades de lançamento do mapa em várias categorias, destacando-se a paralisação na Fábrica da Mercedes Benz, em São Bernardo do Campo, com a presença de diversos sindicalistas, inclusive representantes da AFLCIO. Ressalte-se que foi a primeira vez que houve paralisação de um local de trabalho para discussão do tema racial.
Ainda em 1995, foi realizado o 1º Encontro Nacional de Sindicalistas da CUT contra a Discriminação Racial, no qual se definiu várias ações para o fortalecimento da luta anti racismo no interior da Central.
Reconhecida oficialmente como um novo órgão da CUT durante a realização do 5º Congresso Nacional em 1994, a Comissão Nacional Contra a Discriminação Racial - CNCDR, tem contribuído para a consolidação de políticas que visem discutir o trabalhador e a trabalhadora na sua plenitude, considerando as especificidades existentes no interior da classe. A tarefa da CNCDR tem sido a busca da igualdade respeitando sempre a diversidade.

4. Quais foram às principais conquistas alcançadas até hoje?
Essa Comissão, coordenada pela Secretaria Nacional de Políticas Sociais, trouxe para o interior da Central, a certeza de que a “democracia racial” não passa de um mito. Com a sistematização de informações relacionadas ao mundo do trabalho, promoção de debates e ações sindicais vimos revelando as várias facetas do preconceito e da discriminação.
A partir das resoluções da 10ª Plenária Nacional da CUT, a Comissão Nacional Contra a Discriminação Racial da CUT – CNCDR, passou a ter “status” de secretaria e o Encontro Nacional de Sindicalistas Anti – Racismo da CUT, realizado em 2004,aprovou a reorganização da Comissão, definindo uma coordenação para os trabalhos.
Nesse último período a Comissão cumpriu um papel importante nas discussões de Políticas Públicas de Promoção da Igualdade Racial, participando efetivamente das Conferências Estaduais e Nacional de Promoção da Igualdade Racial, realizada pela Secretaria Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial e pelo Conselho Nacional.
Também realizou estudo e debate sobre o PL que propõe a Reforma Universitária, apresentando ao MEC emendas ao referido texto. A participação da CNCDR na Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador foi importante para avançar nas discussões de saúde do (a) trabalhador (a) negro (a). Fizemos o estudo do texto sobre a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e do textode subsídio elaborado pelo Coletivo Nacional de Saúde da CUT paraa Conferência Nacional, apresentando emendas com o recorte racial.
A Comissão também teve papel importante na definição dos temas a serem abordados nas Conferências Municipais, Estaduais e Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, nas quais, pela primeira vez a discussão do respeito à diversidade de gênero, raça, etnia e orientação sexual foi pautada.
Outras ações desenvolvidas pela CNCDR como a participação nas oficinas e reuniões realizadas pela OIT com as Centrais Sindicais para discussão do Programa Gênero, Raça Pobreza e Emprego, a discussão de políticas de qualificação para as trabalhadoras domésticas, bem como a participação efetiva nas discussões sobre Reforma Sindical, valorização do Salário Mínimo, redução da jornada de trabalho, demonstra a necessidade de garantir a transversalidade da discussão racial nas políticas gerais da Central.
Do ponto de vista da interlocução da CNCDR/CUT com as entidades do movimento negro e social que discutem a questão racial, a participação efetiva da Comissão na organização e mobilização da Marcha Zumbi + 10 realizada em Brasília no dia 22 de novembro de 2.005, foi fundamental para o sucesso da referida marcha, bem como para o fortalecimento da relação da CUT com essas entidades.
A CNCDR/CUT entende que o Projeto de Lei 73/99 que institui sistema Especial de Reserva de Vagas para estudantes egressos de escolas públicas, em especial negros, nas instituições públicas federais de educação superior e dá outras providências, assim como o Estatuto da Igualdade Racial (PL-3198/2000) de Paulo Paim que institui o Estatuto da Igualdade Racial, em defesa dos que sofrem preconceito ou discriminação em função de sua etnia, raça e/ou cor, e dá outras providências, são políticas públicas que irão contribuir para a superação do racismo.
A CNCDR também participa de debates, realiza seminários e outros eventos com o objetivo de sensibilizar patrões e empregados da importância de desenvolvimento de políticas para adoção da convenção 111 da OITque é a convenção concernente ao combate a discriminação em matéria de emprego e profissão e a agenda do Trabalho Decente, que éum trabalho produtivo e adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, eqüidade, e segurança, sem quaisquer formas de discriminação , e capaz de garantir uma vida digna a todas as pessoas que vivem de seu trabalho.
Os quatro eixos centrais da Agenda do Trabalho Decente são a criação de emprego de qualidade para homens e mulheres, a extensão da proteção social, a promoção e fortalecimento do diálogo social e o respeito aos princípios e direitos fundamentais no trabalho, expressos na Declaração dos Direitos e Princípios Fundamentais no Trabalho da OIT, adotada em 1998:

5. Na semana passada, um soldador da Prensas Schuler ganhou uma ação contra a empresa por ter sofrido discriminação. No Brasil, o número de trabalhadores que ganham causas relacionadas ao racismo tem aumentado? Há dados sobre essa situação?
No Brasil é muito difícil caracterizar um ato de racismo. Isto ocorre pelo fato do racismo ser encarado como algo invisível para a sociedade. Na maioria das vezes você se depara com o ato da discriminação, porém você não consegue identificar o sujeito que provocou a discriminação, pois este dificilmente assumirá o ato.
Até pouco tempo, vendíamos para o mundo a imagem do país onde predominava o Mito da Democracia Racial. Durante o período da Ditadura Militar houve um refluxo das lutas sociais, como resultado da forte repressão militar.
Isto foi modificado com a manifestação realizada em 7 de julho de 1978 nas escadarias do Teatro Municipal onde ocorreu o manifesto do Movimento Negro Contra a Discriminação Racial, estabelecendo um novo patamar na história atual em relação à temática racial.
Isto contribuiu para o ressurgimento do debate e das ações, prosseguindo com a mentalidade desenvolvida no Quilombo dos Palmares com o grande líder Zumbi dos Palmares, o movimento abolicionista o grande movimento de massa social que resultou na Lei Áurea, consagrando Luiz Gama como grande articulador e defensor dos escravos, a criação da Frente Negra em 1930, a importância de Abdias do Nascimento e a atual configuração do Movimento Negro representado por diversas entidades oriundas da sociedade (MNU, UNEGRO, CONEM, CNCDR/CUT, CEN etc.).
Obviamente que para a elite dominante branca que está a frente do judiciário, da mídia televisiva, escrita e falada o racismo continua sendo um problema não existente, portanto, o crime não é reconhecido. No máximo reconhece – se como injúria e ponto final.
Isto está mudando até pelo fato do Brasil no atual Governo reconhecer que existe desigualdades raciais no Brasil, criando inclusive a Seppir (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), com “status” de ministério.

6. Na sua opinião, o Brasil ainda está longe do ideal quanto às relações raciais? Por quê? Qual seria o quadro ideal? O que seria necessário para alcançá-lo?
O ideal seria a Cidadania Plena para todas as pessoas, independentemente de raça ou cor, falando especificamente da temática racial. Para alcançar este patamar seria necessário muito investimento em educação. Neste caso a a Lei nº 10.639, de 9 de Janeiro de 2003, sancionada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio. O Conselho Nacional de Educação (CNE) estabeleceu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, dispostas no Parecer do Conselho, CNE/CP 003/2004 e CNE/CP Resolução 1/2004. Esses documentos garantem que o tema das relações étnico-raciais seja tratado em todos os sistemas de ensino, incluindo aí a rede particular de ensino, a partir de uma abordagem que promova o valor da diversidade em nosso país, seria a ferramenta ideal para a transformação da sociedade brasileira. No entanto, pelos mesmos motivos relatados acima, mesmo diante de uma lei promulgada, não se realiza o esforço necessário para que a lei seja implementada e respeitada.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

AÇÃO REGIONAL - Em Salvador, CUT discute questões raciais em seminário do Inspir - 05/11/2012

 Marcos Benedito, representante da CUT no Conselho Deliberativo do INSPIR (foto da Ação Regional)

 
Encontro debateu a importância de qualificar as intervenções dos dirigentes sindicais e militantes do movimento social em seus espaços e fóruns de discussão

Escrito por: CUT-BA

Nesta quinta-feira, 1º de novembro, em Salvador, teve início a série de atividades do Novembro negro da CUT-BA, com participação no seminário "O negro e o mercado de trabalho", promovido pelo Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial (Inspir), em parceria com o Solidarity Center, com apoio da CUT e outras centrais sindicais.
A secretária de Combate ao Racismo da CUT-BA, Luciene Bonfim, destacou a importância do seminário no sentido de qualificar as intervenções dos dirigentes sindicais e militantes dos movimentos social em seus espaços e fóruns de discussão. "A CUT reitera o seu comprometimento com o combate à discriminação racial no mundo do trabalho para eliminar a discriminação e a desigualdade racial. A luta contra o racismo é inevitável para que possamos ter um país com mais justiça social", disse.
O presidente do Inspir, Ramatis Jacino, que é dirigente da CUT, traçou um panorama histórico do caráter da escravidão como consequência do colonialismo. "Foi um processo desenvolvido pelos europeus para resolver um problema econômico, que depois ganhou outros contornos. O racismo é um subproduto do capitalismo e é necessário que façamos uma análise da necessidade de abordar a luta contra o racismo através da luta do trabalho, enfatizou".
Para Jacino, a escravidão, num determinado momento, se exauriu como modelo e dialeticamente, no seu interior foram sendo geradas as contradições que iriam promover sua superação. "Num determinado momento o escravo passa a ser caro e num determinado momento esse ser humano pode fugir ou morrer e o valor investido fica perdido. São razões que levaram ao fim a escravidão", disse.
Sobre as elaborações acadêmicas que davam conta de justificativas para a escravidão e a discriminação racial, Jacino falou sobre o cientificismo e o darwinismo social e a eugenia. "Os negros eram colocados como inferiores intelectualmente, com embasamento em teorias da época", colocou.
Em relação ao que chama de branqueamento do mercado de trabalho no Brasil, Jacino faz algumas considerações sobre o fim da escravidão. "O branqueamento do Brasil se dá com a necessidade de sumir com os negros do mercado de trabalho. O curioso é que a ideia que foi gestada no final do século XIX tira o negro do mercado de trabalho e o negro depois passa a ser considerado o próprio culpado por sua exclusão desse mercado. A estigmatização que vivemos até hoje não é resultado de um ou outro que não gostavam de negros, mas de um movimento gestado nos meios acadêmicos, com participação de cientistas sociais renomados internacionalmente, numa construção sociológica".
Exemplos de impedimentos legais sofridos pelos negros especificamente na cidade de São Paulo foram abordados por Jacino. Ele citou o código de Postura de 6 de outubro de 1886, que proibia aos cativos o exercício das profissões de cocheiros, vendedores de água, caixeiros e criava dificuldades para exercerem profissões de herbalistas, curandeiros, barbeiros e parteiras. "Isso desconstrói o argumento de que o racismo no Brasil não teve amparo na lei e seria apenas cultural", ressaltou.
O deputado federal Luiz Alberto (PT-BA), titular da Comissão de Direitos Humanos, parabenizou o Inspir por sua atuação e lembrou que existem muitas diferenças no mundo do trabalho para o povo negro. "Eu, como militante do movimento negro e sindical, avalio que a luta que o movimento negro traçou nesse país vem mudando a realidade. Recentemente a presidenta Dilma assinou a lei que cria as cotas nas universidades, um fruto de uma enorme batalha travado por nós no Congresso Nacional", disse.

AÇÃO REGIONAL - COTAS


AÇÃO REGIONAL - CONHEÇA O TRABALHO DE MARCOS BENEDITO


Conselheiro da CONTRAF/CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT).
Representante da CUT no CNPIR (Conselho Nacional da Promoção da Igualdade Racial).
Representante da CUT Nacional no INSPIR
Diretor Honorário da AFUBESP (Associação dos Funcionários do Santander Banespa)
Coordenou a Comissão de Empresa do Santander no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região 1998/2001
Coordenou o GTSB (Grupo de Trabalho do Santander) 1991/2003
Coordenou a Comissão Nacional Contra a Discriminação Racial (CNCDR/CUT) da CUT 2007/2010)
Diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo (1991/2007)Membro da Executiva da CNB/CUT (Confederação Nacional dos Bancários) e da CONTRAF/CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) 2001/2007
Presidente do INSPIR (Instituto Sindical Interamericano Pela Promoção da Igualdade Racial) no ano de 2008/2009
Participou do CONCLAT (Congresso da Classe Trabalhadora que fundou a Central Única dos Trabalhadores) em 1983 no Pavilhão Vera Cruz em São Bernardo
Filiado ao PT (Partido dos Trabalhadores) desde 1991.
Facilitador do processo de construção do FCCN (Fórum da Construção da Consciência Negra de Araçatuba).
Membro suplente no Conselho Municipal de Políticas Culturais de Araçatuba.
Genebra em 2009 da Revisão de Durban, como membro da Delegação Oficial do Brasil e na Representação Sindical da América Latina e Caribe
CONAPIR (Conferência Nacional da Promoção da Igualdade Racial).
PLANAPIR (Plano Nacional da promoção da Igualdade Racial).
Audiência Pública do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre cotas nas universidades.
CONNEB (Participou da Coordenação do Congresso de Negras e Negros do Brasil.Marcha da Consciência Negra Participação na (Coordenação representando a CUT).
Marcha Noturna (Participação na Coordenação, representando a CUT. Ato da Assinatura do Estatuto da Igualdade Racial na Representação do Conselho Nacional da Promoção da Igualdade Racial da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR/SEPPIR)
Países em que atuou representando a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Sindicato dos Bancários de Osasco e Região (SEEB/SP), o Instituto Sindical Interamericano Pela Igualdade Racial (INSPIR) e a SEPPIR: México, Chile, Uruguai, Argentina, Espanha, Suiça.

AÇÃO REGIONAL - SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA - PROGRAMAÇÃO


AÇÃO REGIONAL - ENTREVISTA

 Ação Regional Pergunta:
 
Sendo a cultura negra bem marcante em nosso país, ao se referir à cidade de Araçatuba, como a Secretaria de Participação Cidadã junto as Associações Culturais tem tratado esse assunto no aspecto de divulgação e inserção da cultura negra em nossa comunidade?
 
Marcos Benedito Responde:
 
A SMPC (Secretaria Municipal de Participação Cidadã), criada em 2010, por iniciativa do prefeito Cido Sério, tem como objetivo o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a valorização dos segmentos sociais historicamente excluídos na sociedade brasileira, tais como: idosos, juventude, mulheres, pessoas com deficiência, diversidade sexual e a igualdade racial.
Iniciativas
A cultura negra em Araçatuba tem sido valorizada por intermédio de várias iniciativas, destacando-se a criação do FCCN ( Fórum da Construção da Consciência Negra), constituição do NEAB (Núcleo de Estudos Afro Brasileiros), visando a implementação da Lei 10.639/03 que institui o ensino da história e da cultura da África nas escolas de ensino fundamental de Araçatuba.
A regulamentação do feriado de 20 de novembro (Dia da Consciência Negra), a realização das atividades da Semana da Consciência Negra, desde 2012, a realização do Culturafro, com apoio da Prefeitura Municipal de Araçatuba, através da Secretaria Municipal de Cultura.
 
Ação Regional Pergunta:
 
Capoeira e ritos religiosos estão bem presentes em nossa sociedade. Há outras influências que também se destacam e não temos conhecimento?
 
Marcos Benedito Responde:
 
Além da capoeira e das religiões de matrizes africanas, a cultura negra exerce influência também na música, na dança, na alimentação, na língua portuguesa e também no vestuário.
 
Ação Regional Pergunta:
 
Os casos de preconceito racial estão previstos como pena de lei. Em Araçatuba há registros desse ato e que providências foram tomadas e qual a situação do agressor?
 
Marcos Benedito Responde:
 
A invisibilidade social, decorrente da ausência de estatísticas confiáveis e também de uma atuação mais contundente das organizações negras existentes em Araçatuba, contribuem efetivamente na subnotificação dos casos. Os poucos casos notificados, em decorrência destes aspectos, são tratados como injúria.
Na maioria das vezes o agressor ao ser acusado de racismo, diante das autoridades judiciais ele nega a agressão verbal e defende-se justificando ser de descendência negra. Comente em poucas palavras sobre essa tomada inversa de atitude diante do fato consumado como crime racial?
No Brasil existe a prática do racismo. O que não existe é o racista. Ou seja, o racismo camuflado, herança do mito da democracia racial contribui efetivamente para estas distorções.
 
 
Ação Regional Pergunta:
 
]Sabemos que uma minoria da população negra em nosso país chega aos bancos universitários e consegue uma formação acadêmica apesar do esforço e luta de movimentos negros em prol do crescimento e desenvolvimento educacional para esta parcela da população. Como você poderia retratar esse avanço do engajamento do negro nesse grupo estudantil e quais perspectivas futuras de inserção na sociedade de classes assalariadas?
 
Marcos Benedito Responde:
 
O PROUNI possibilitou o acesso de estudantes negros nas universidades.
A Bolsa Família, também colaborou para a diminuição da miséria e neste caso, em decorrência de fatores históricos os mais beneficiados foram os afrodescendentes os que mais se beneficiaram destas políticas.
A Lei Áurea assinada em 1888 trazia dois artigos:
Art. 1º É declarada extinta desde a data desta Lei a escravidão no Brasil.
Art. 2º Revogam-se as disposições em contrário.
Após 350 anos de escravidão, negros e negras foram “libertos” sem qualquer tipo de iniciativa estatal que lhes garantisse moradia, emprego, saúde e educação.
 
Ação Regional Pergunta:
 
Passados mais de 120 anos, o Brasil finalmente passa a elaborar e adotar políticas de igualdade de oportunidades, possibilitando a inserção dos afrodescendentes na sociedade brasileira. O resultado disto é que já podemos constatar mudanças significativas nas estatísticas, no que tange ao mercado de trabalho e a escola em relação aos afrodescendentes.
Quais as perspectivas de engajamento do negro na sociedade, sabendo que mudanças pautadas nas três esferas ocorreram, mas o negro continua sendo marginalizado e colocado na última esfera de estratificação social e somente uma minoria consegue ascender-se socialmente. O que o governo local em parceria com as associações tem feito para amenizar esse quadro de desigualdade social?
 
 
Marcos Benedito Responde:
 
Penso eu que a mudança não dependa única e tão somente do governo. Creio que existe a necessidade premente de um maior engajamento do movimento negro em relação à conscientização e mobilização dos segmentos sociais marginalizados. Em Araçatuba, eu particularmente avalio que haveria a necessidade de um maior engajamento das entidades existentes. Eu sinto que não há um diálogo muito produtivo entre as entidades existentes. Existe muita dificuldade em se reunir num mesmo fórum os capoeiristas, os praticantes das religiões de matrizes africanas, a galera do HIP-HOP, os sambistas e pagodeiros e o movimento negro.
O governo, seja na esfera municipal, estadual ou federal, tende a desenvolver ações quando pressionado. Se não há pressão dá-se uma falsa impressão de que não há demanda. Não havendo demanda neste segmento, o governo tende à atender os segmentos mais mobilizados.
E para agravar esta situação, ainda há o fator “invisibilidade social” e no caso específico “a invisibilidade racial”, que é resultado do processo de miscigenação que o próprio negro se impõe em decorrência de todos os fatores já citados anteriormente por mim.
 
 
Ação Regional Pergunta:
 
Depois de tanto ser mitificado pela cor da pele, como você vê atualmente a situação do negro dentro de uma sociedade com preconceito mascarado?
 
 
Marcos Benedito Responde:
 
Em 2001, participamos da Conferência do Tratado de Durban, na África do Sul.
Com a eleição de Lula em 2003, o Brasil passou efetivamente a implementar as políticas de combate à todas as formas de discriminação. Criou-se a SEPPIR (Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial), a CNPIR (Conselho Nacional da Promoção da Igualdade Racial), Promulgou-se a Lei 10.639/03, aprofundou-se toda a articulação em torno do Estatuto da Igualdade Racial, aprovado em definitivo em 2010, aprofundou-se todo o processo de debate e implementação da adoção das políticas de cotas nas universidades federais, promulgada pela presidenta Dilma Rousseff em 2012.
Em resumo, podemos dizer que não ocorreu nenhuma mudança em relação ao preconceito, a discriminação e o racismo, o que está permitindo na mudança da situação do negro no Brasil, são as políticas inclusivas que estão sendo implementadas no pais e que sofrem uma resistência muito grande dos setores reacionários e conservadores brasileiros.
 
 
Ação Regional Pergunta:
 
A Lei Federal 10.639/03 por meio de parcerias está sendo implementadas no município de Araçatuba objetivando diminizar as diferenças valorizando a história e cultura africana. Como um dos idealizadores dessa proposta, qual a sua visão quanto a necessidade de se trabalhar com o tema da cultura da história africana e afro-brasileira nas escolas e a importância dessa repercussão que pode ocorrer na vida das pessoas.
 
Marcos Benedito Responde:
 
A Educação é um dos caminhos mais eficazes para que haja uma mudança cultural no Brasil. Sabemos que o racismo é um fenômeno mundial, considerando-se que até mesmo no continente africano existem situações de intolerância entre povos de origens diferentes (conflitos tribais e religiosos). Temos que acreditar que é possível mudarmos esta realidade. Além da educação, temos que trabalhar a conscientização e também a valorização da história e da cultura negra, desenvolvendo ações nas escolas e na sociedade. Temos que fazer valer o Estatuto da Igualdade Racial, que teve a sua promulgação em 2010, temos que lutar pela adoção de cotas também no âmbito estadual e municipal e inclusive no mercado de trabalho. São estas iniciativas que a meu ver, poderão contribuir para uma sociedade mais justa e sem racismo.